O contador de histórias


Na ultima cidade em que passei, andando pela rua, distraído com meus pensamentos, avistei uma figura curiosa, uma espécie de contador de história... sem saber ao certo pra onde eu estava indo, resolvi parar pra ouvir uma história que estava em andamento, uma história que me lembrou literatura de cordel, que meu avô gostava de ler.
Quando a meia duzia de espectadores se dispersou, ele me olhou fixamente, como se estivesse tentando ler meus pensamentos... resolvi colaborar com seus esforços. Disse àquela pequena figura que, eu, pensando em minhas experiências, tentava descrever o amor.
Tentando ajudar, ele dissertou sobre o assunto baseado nas suas prórpias aventuras:

"Um belo dia a gente acorda e acha que um filme passou por a gente muito rápido, tão rápido que, sem a gente perceber, parece que já se anunciou o episódio dois. As emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos, e o mundo todo vira só dois, dois corações bandidos enquanto uma canção de amor persegue o sentimento.
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica, sei da felicidade, da dúvida, dor de barriga...
Amor é drama, aventura, mentira, comédia romântica. O amor é um filme em que só Deus é espectador!"

Depois dessa descrição, fiquei em dúvida sobre se um dia eu chegei a experimentar de verdeda o amor...

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Noite Quente em Budapeste


Ainda em Keleti, procurava abrigo para a noite seguinte nos murais da estação, embora fosse cedo e o clima estivesse bem quente, pois era dia 16 de julho. Com poucas opções em seu idioma, foi almoçar num modesto restaurante ali perto. Achando com quem pudesse conversar, embora a compreensão não fosse a ideal, soube de uma mulher que cuidava do estádio de esportes e, vez por outra, abrigava alguns estrangeiros por uns trocados. Foram apresentados, e aparentemente ela era uma corredora profissional, ou maratonista, algo do tipo.


Para levantar uma grana, ela sugeriu que ele tocasse bandolim num grupo local que se apresentaria naquela mesma noite, porque um dos membros da banda havia sido mordido na mão por um cão. Ele topou e foram ensaiar no ginásio. Não podia conter sua admiração ao vê-la correr na pista oval enquanto ensaiavam, a tarde quente o fazia transpirar. Embora não entendendo uma palvra do que era cantado, tocava razoavelmente sem perder o ritmo.


À noite, enquanto tocavam, ela servia drinks e parava corações. Vestida apenas de uma camiseta, shorts e pele, a mera sugestão de seus músculos levava os homens a perder o show. Ouvia-se cochichos pelas paredes quando ela passava, era impossível não notá-la! Aquela noite quente e alegre jamais será esquecida, com certeza!

Mas nada rolou entre os dois, após aquela noite alegre que rendeu o dinheiro da hospedagem, ele partiu no trem da tarde, meio sem rumo, mas com outra dama em mente. Um objetivo grande, um obstáculo ainda maior!

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(na foto: zsuzsanna ripli)