Breve

Meu primeiro poema, escrito em 27 de fevereiro de 2009, hoje se torna público. Li uma frase interessante no twitter citando o encanto proporcionado pelo ser humano e suas interações e, ao lembrar do que eu considerei sobre o tempo no primeiro post, lembrei desse poema, que expressa a relatividade do tempo. Sem mais, segue o poema.


Breve

Meio segundo.

Pode ser bastante tempo.
Pode ser até tempo demais,
Mais do que o suficiente
Pra descrever um momento, um sentimento.

Mais tempo do que sua mãe precisou
Pra ver você no ultrassom.
E mesmo antes do médico dizer,
Se menino você iria ser
Sua mãe já tinha certeza que seria um lindo bebê.

Muito mais tempo do que o necessário
A qualquer um de nós
Pra sentir falta do silêncio
Quando alguém ergue,
Feroz e desnecessariamente a própria voz.

Em meio segundo você pode
Matar ou morrer
Derrubar ou erguer.

Como saber sempre o melhor a fazer?

Você tem meio segundo pra decidir
Viajar em pensamento,
Conhecer e descobrir.
Ou então ficar aí.

Já sabe o que vai fazer amanhã?
E na semana que vem?
No próximo ano?
No meio segundo que virá após ler esse texto?

Somos todos efêmeros,
Ínfimos
Enfermos
Infelizes
Infiéis
E ainda assim, infinitamente lindos.

Somos tão frágeis e pequenos
Perante coisas que nós mesmos criamos

Doentes por coisas vãs
Que nos deixam descontentes
Nos preocupam muito,
Ao ponto de adiantarem as cãs.

Os que menos aproveitam a chance que temos
Essa que Deus nos dá,
São os que traem a sim mesmos
E usam os mais sujos meios
Pra chegar em algum lugar.

Ainda assim, somos abençoados e belos,
Até mesmo os mais impuros entre os sujos,
Quando somos motivados a usar,
Ainda que por mero meio segundo
A qualidade suprema, que é Amar.

Leandro Rufino de Amaral

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